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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Técnicas de Obtenção de Espermatozóides em pacientes Azoospérmicos

Olá gente, tudo bem??

         Quando o resultado de um espermograma aparece: AUSÊNCIA DE ESPERMATOZOIDES e se recebe o diagnóstico de AZOOSPERMIA, significa que voce não produz espermatozóides certo?!?! Errado! Esse diagnóstico significa que voce não possui espermatozóides no ejaculado, mas pode ser que produza uma quantidade pequena de espermatozóides, basta sabermos onde procurá-los. Por isso hoje explicarei métodos de obtenção de espermatozóides em casos de azoospermia.

          A primeira coisa que se deve saber ao receber um diagnóstico como esse, é que voce deve repetir esse exame em um local especializado em Reprodução Humana, pois os laboratórios convencionais muitas vezes utilizam um método automatizado para a  realização do exame que possui limitações. Em uma clínica especializada, quando não achamos espermatozóides no exame convencional utilizamos um método de lavagem e centrifugação da amostra, assim concentramos tudo que houver na amostra para fazermos uma nova avaliação. Através desse método, já consegui encontrar espermatozóides em muitos casos em que não encontraram nos laboratórios convencionais.

        Segue uma foto abaixo para ilustrar a anatomia dos sistema reprodutor masculino, para que entendam melhor o que explicarei abaixo:




E quando não achamos espermatozóides no ejaculado na clínica de Reprodução Humana? Irei focar somente nas técnicas de obtenção de espermatozóides para o tratamento da infertilidade e não nas causas e tratamentos da azoospermia.

As técnicas de obtenção de espermatozóides são baseadas em buscarmos direto na "fonte" onde são produzidos ou armazenados, nos testículos e epidídimos, respectivamente.

Para azoospermias obstrutivas, que são aquelas causadas por uma obstrução no canal deferente que conduz os espermatozóides do epidídimo (local onde os espermatozóides são armazenados) para a uretra, como nos casos de agenesia do canal ou pacientes vasectomizados. Nesses casos, utilizamos a técnica de  Aspiração Percutânea de Espermatozoide do Epidídimo - PESA. O PESA, consiste em uma punção aspirativa com agulha fina (tipo de insulina) do epidídimo para pegar os espermatozóides que houverem ali. Veja ilustração abaixo do PESA:




Nos casos de azoospermias obstrutivas temos praticamente 100% de chances de recuperarmos espermatozóides e utilizá-los na técnica de ICSI para injetá-los nos óvulos, em alguns casos de azoospermias que chamamos de secretoras, conseguimos encontrar espermatozoides por essa técnica. É uma técnica relativamente simples, não precisa de sedação fazemos apenas anestesia local geralmente.

E se não encontramos no PESA, o que fazemos?
Partimos para a "fonte" onde são produzidos os espermatozóides, nos testículos! Utilizamos a Aspiração Percutanea de Espermatozoide dos Testículos - TESA. No TESA, usamos uma agulha mais grossa pois o objetivo é aspirar túbulos seminíferos dos testículos, pois dentro desses túbulos podemos encontrar os espermatozóides. 





Muitas vezes encontramos espermatozóides ainda imaturos, que estão terminando de serem formados, mas mesmo esses espermatozóides podem ser utilizados para fertilizar o óvulo através da técnica de ICSI. Entretanto, a taxa de fertilização com os espermatozóides imaturos é um pouco mais baixa e pode afetar um pouco a qualidade de alguns embriões, mas se a mulher conseguir ter um bom número de óvulos a chance de ter bons embriões para transferir é grande. A punção do testículo pode ser feita com uma anestesia local em toda a região e em casos de homens com alta sensibilidade para dor, recomendo a sedação.




E se não encontramos no TESA, tem mais alguma coisa que possa ser feita?
Sim!!! Ainda existe mais uma técnica que pode ser utilizada, é a Micro-TESE. Essa é uma técnica cirúrgica e invasiva, em que o paciente toma uma sedação geral e o médico cirúrgicamente chega até os testículos, com o auxílio de uma lupa consegue enxergar e retirar os túbulos seminíferos mais "gordinhos" e vascularizados que são mais propensos a encontrarmos espermatozóides. Há quem diga que se não encontrar no TESA não encontra na Micro-TESE e há quem diga o contrário. Eu acredito que a Micro-TESE é eficaz, inclusive participei de um estudo que em 2008 foi publicado em uma revista internacional, que encontramos espermatorzóides em 66% dos casos que foram para micro-tese com excelentes resultados de gravidez. Os espermatozóides encontrados, possuem as mesmas características do TESA e podem ser injetados pela técnica de ICSI.




As técnicas de TESA e Micro-TESE, são técnicas muito utilizadas nos casos de azoospermias secretoras ou não obstrutivas, que são aquelas em qua há uma deficiência da produção dos espermatozóides e representam 70% dos casos de azoospermia.  As causas desse tipo de azoospermia são variáveis: alterações hormonais, alterações testiculares, criptorquidismo, alteração genética, infecciosa, pacientes que fizeram quimioterapia ou radioterapia; ou sem causa aparente.

 E se não encontrarmos na Micro-TESE, ainda é possível engravidar???
Sim!!! Utilizando espermatozóides de doador. Esse é um tema que quero abordar com cautela e dedicarei um único post para conversarmos a respeito.

Se quiser saber sobre uma possível causa de azoospermia, leia mais em: http://www.embryoforlife.blogspot.com.br/2014/03/infertilidade-masculina-fatores.html
http://www.embryoforlife.blogspot.com.br/2014/02/infertilidade-masculina-alteracoes.htm
http://www.embryoforlife.blogspot.com.br/2014/02/infertilidade-masculina-varicocele.html

Por hoje é isso pessoal!!! Qualquer dúvida estou sempre a disposição, respondo todos os e-mails. 

Um Abraço!! Fiquem com Deus!

terça-feira, 25 de março de 2014

Técnicas Complementares: Hibridização Genômica Comparativa - CGH array

Bom dia gente!! Tudo bem?? Vamos aqui falar sobre mais uma e mais recente técnica complementar ao tratamento da infertilidade: A HIBRIDIZAÇÃO GENOMICA COMPARATIVA - CGH. Mas o que é isso??? Através dessa técnica fazemos uma varredura nos 24 cromossomos, detectando mesmo as menores alterações genéticas. Leia mais abaixo!

O CGH-array é uma importante ferramenta no Diagnóstico Genético Pré-implantacional na tentativa de selecionar os embriões mais propensos a ter um cariótipo normal e, conseqüentemente aumentar a probabilidade de implantação e de desenvolvimento em uma criança saudável.

Trata-se de uma recente técnica disponível no Brasil a partir de 2010, tendo sido aplicada com sucesso pela primeira vez em uma paciente de 38 anos de idade, com falhas repetidas de implantação após diversas tentativas de fertilização in vitro e já havia realizado análise genética dos embriões em ciclos anteriores de apenas 5 cromossomos pela técnica de FISH que foram transferidos aqueles considerados sem alterações, porém sem sucesso de gravidez. A análise CGH em blastômeros biopsiados encontrou um em cinco embriões como normal para todos os cromossomos. Este embrião foi transferido e resultou no nascimento de um bebê saudável.


A fim de manter as taxas de gestação satisfatórias e reduzir o número de embriões transferidos, é essencial identificar os embriões com maior potencial para a formação de uma gravidez e garantir que esses embriões sejam uma prioridade na transferência. Atualmente, a decisão de quais embriões serão utilizados é feita com base na sua capacidade de crescer até o estágio de blastocisto e nos critérios morfológicos analisados pelo embriologista. Infelizmente, essas análises não fornecem informações sobre o número de cópias cromossômicas, que é um dos aspectos mais importantes na viabilidade embrionária. Sabe-se que cerca de 37% dos embriões trissômicos atingem o estágio de blastocisto e 70% dos embriões morfologicamente normais são aneuplóides.

A maioria dos erros cromossômicos é incompatível com a implantação ou o nascimento e, portanto previstos para afetar negativamente os tratamentos de reprodução assistida.

A hibridização genômica comparativa é uma técnica ideal para o diagnóstico genético pré-implantacional, pois realiza o cariótipo completo de todos os 46 cromossomos, fornecendo uma ferramenta poderosa para uma análise confiável de aneuploidias em oócitos e embriões e, permitindo a transferência de embriões “competentes”, podendo aumentar a taxa de gestação em até 80%.

Como é realizada esta técnica?
Para aplicação desta técnica é necessária a realização da biópsia do embrião em estágio de blastocisto (embrião no 5º dia de desenvolvimento) em que são retiradas algumas células que dariam origem a placenta (trofodérmicas) sem afetar as que dariam origem ao feto e sem prejudicar o desenvolvimento do embrião e da placenta.

Em 30 horas temos o resultado da análise realizada em todos os cromossomos dos embriões biopsiados, aqueles considerados normais serão transferidos.






Indicações da técnica de CGH?
- Mulheres com idade >37 anos;
- Paciente com histórico de alterações genéticas na família;
- Casais de FIV com falhas repetidas no tratamento;
- Mulheres com histórico de abortos repetidos;

Limitações da técnica
Nem todos os embriões produzidos no laboratório chegarão ao estágio de blastocisto, estudos revelam que aproximadamente um em cada 3 embriões terão competência para o desenvolvimento até o quinto dia, ou seja, a aplicação desta técnica é geralmente limitada a um número baixo de embriões ou pode nem ser realizada pois nenhum pode chegar até blastocisto devido essa seleção natural.

Como já citado anteriormente, estudos revelam que cerca de 70% dos embriões morfologicamente normais podem apresentar alterações cromossômicas, sendo assim corre-se o risco de realizar o CGH e todos embriões analisados serem alterados cromossomicamente.


Portanto, é importante que o casal esteja ciente que nessas duas situações pode-se não ter embriões para transferência, no entanto, este fato relaciona-se a uma antecipação de um resultado negativo de gravidez caso fossem transferidos os embriões.

Abraço! Fiquem com Deus!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Relato de Caso: Casos em Curitiba - PGD

Bom dia Gente, tudo bem? Como passaram o final de semana?

Conforme falei no IG na sexta, fui chamado para realizar dois casos de biópsia embrionária para fazermos a avaliação genética dos embriões antes de serem transferidos. Compartilho com voces a história dessas duas pacientes que são interessantes.

Primeira paciente, tem 41 anos e está na sua segunda tentativa. Na primeira tentativa, ela fez o PGD dos embriões, de 6 embriões que ela teve 5 tinham alterações e o único saudável não teve um bom desenvolvimento até o dia da transferência. Mesmo assim foi transferido 1 embrião mas ela não engravidou. Dessa vez, ela teve 4 embriões biopsiados e 3 desses estavam alterados. Mas o embrião saudável estava com uma boa qualidade e foi transferido. Agora é rezar por ela, para que dê certo!!!



Segunda paciente, esse é um caso bem interessante pois a mãe é portadora de rim policístico e ela não deseja que seu filho tenha a mesma doença. Essa doença acomete 1 em cada 1000 pessoas, é causada por uma mutação nos genes PKD1 ou PKD2. Nesse caso então, fizemos uma avaliação dos embriões para detectar quais seriam portadores dessa mutação pois dependendo da mutação a chance dos filhos herdarem a doença chega a 50%. Foram biopsiados e analisados 9 embriões, seis embriões estavam alterados e 3 eram saudáveis. Foram transferidos 2 embriões em boa qualidade. Agora é rezar por ela também para que dê certo!!!


Amanhã falarei de uma outra técnica complementar e ainda essa semana ensinarei a voces como fazemos para classificar os embriões e voces entenderem o que é um embrião A, B, C ou D.

Abraço!! Boa semana!!