Quem sou eu

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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Tenho que usar óvulos doados, e agora??

Olá gente, tudo bem??

Falarei hoje de um tema muito difícil para algumas pessoas, espero com isso poder ajudar em sua reflexão sobre usar ou não, óvulos doados. 

A primeira pergunta que deve ser respondida é: 

Quando recomendamos o uso de óvulos doados?
O uso de óvulos doados, é recomendado para pacientes com falência ovariana prematura (menopausa precoce), para qualquer paciente que após seguidas tentativas de FIV sem sucesso, não produziram um número de óvulos adequado ou embriões de boa qualidade, são más respondedoras. Para pacientes com mais de 42 anos também recomendamos o uso de óvulos doados, pois conforme expliquei em post anterior, nessa idade cerca de 80% dos óvulos possuem alguma alteração cromossômica. Um estudo publicado no ano passado no Congresso Americano, fez uma avaliação estatística e detectou que seriam necessários 24 embriões para que apenas 1 fosse saudável, em pacientes com mais de 42 anos. De acordo com esse dado estatístico, tendo uma média de 4 óvulos por tentativa, seriam necessárias no mínimo 6 tentativas para que uma paciente nessa idade produza 1 embrião saudável. 
A doação pode ser feita também para pacientes que tenham alguma alteração genética e que não desejam que seus filhos herdem essa alteração.

Como selecionamos as doadoras?
As doadoras são pacientes jovens até 32 anos que possuem uma boa resposta a estimulação ovariana produzindo mais de 10 óvulos e acabam doando de forma altruísta os óvulos excedentes. Outra forma de seleção, são pacientes jovens que não possuem condições de pagar pelo tratamento e algumas clínicas fazem o que chamamos de Tratamento Compartilhado em que a paceinte jovem entra com a doação dos óvulos e a paciente que vai receber custeia o tratamento. Os óvulos obtidos são divididos proporcionalmente a necessidade de cada uma das partes, de forma que as duas partes sejam beneficiadas e possam ficar grávidas.

Em ambos os casos, são realizados exames sorológicos das doadoras, avaliamos características físicas e tipagem sanguínea compatíveis com a receptora; e não devem ter nenhuma doença genética grave na família.

No Brasil, não é permitido o livre comércio dos gametas, ao contrário de outros países em que existem banco de gametas e doadores. A doação é ralizada sempre de forma anônima, quem doou não sabe para quem foi e quem recebe não sabe de quem recebeu. Essa informação é sigilosa e protegida por lei. 

Questão emocional do processo...

Ao conversar sobre o assunto com diversas pessoas, vejo que as opiniões são diversas e sempre se confrontam em dois pontos basicamente. O primeiro, que geralmente pessoas mais jovens e que não possuem filhos afirmam: "Mas esse filho não terá meu DNA!".  O segundo ponto, geralmente afirmado por pessoas que ja possuem filhos, já é a reposta para o primeiro: "Pai e mãe é quem cria"!..


Com base nesses dois pontos de vista, somados a minha experiência na profissão e em minha vida pessoal, darei aqui minha opinião.

Acredito que seja difícil mesmo receber uma notícia dessas, de que não pode usar seus óvulos. Nós, humanos, somos ainda egoístas e egocentristas, temos pré-conceitos contra nós mesmos e queremos que as coisas aconteçam como idealizamos, como desejamos que devessem acontecer e não como elas são realmente e devem acontecer. Esse é o primeiro passo para quem recebe essa notícia, é cair na real e refletir a respeito, qual o tamanho desse egocentrismo em relação ao tamanho do sentimento de ter um filho?

Afirmo para voces, isso é mínimo!!! Falo por mim e pelas centenas de pacientes que fizeram tratamento com óvulos doados e que hoje estão com seus filhos nos braços. Por mim, afirmo que o sentimento de ter um filho é tão grande, o amor que se sente é algo inexplicável, muda nossa visão da vida e do mundo. Como já disse anteriormente, é esse sentimento que descobri que me fez montar esse blog, para tentar de alguma forma auxiliar a todos que lutam na busca desse amor.

Retratando o que vejo das pacientes que usaram óvulos doados e que muitas tiveram esse impasse, é que hoje a felicidade dos filhos nos braços nem as fazem lembrar de que os óvulos são doados. A harmonia do casal, a realização da família e de um sonho. Voce, mulher, pode não dar o seu DNA para esse filho, mas voce o carregará por 9 meses em seu ventre, será a fonte de alimento para ele ao nascer, será a referência de amor, de caráter e de segurança para o resto da vida, dando a ele seu bem mais precioso. Abra seu coração para essa experiência....

  

Emocionado, deixo aqui esse post e peço para quem quiser, que tenha usado óvulo doado e hoje está grávida ou já tenha o filho nascido que deixe sua opinião nesse post...

Grande abraço!! Fiquem com Deus!!

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Fertilização in Vitro para pacientes com lesão de medula (paraplégicos)


 
Olá pessoal, tudo bem??

Hoje farei um relato de caso recente que tivemos na clínica, de um paciente cadeirante que com o auxílio da fertilização in vitro sua esposa hoje está grávida -  de gêmeos!!!

Antes de contar o caso, acho que vale a pena responder algumas curiosidades que existem a respeito do assunto.



Tirei as perguntas de um manual que foi muito bem elaborado pelo Hospital das Clínicas de Porto Alegre, quem quiser saber mais veja o link: https://www.hcpa.ufrgs.br/downloads/Comunicacao/volume_16.pdf

O homem tem ereção após a lesão medular?
Sim. Cerca de 80% dos homens com lesão da medula têm alguma capacidade de ereção. O problema mais comum é o tempo de duração e a qualidade (grau de rigidez) da ereção que, muitas vezes, são insuficientes para manter uma relação sexual satisfatória. Se a relação estiver centrada na ereção, o prazer fica comprometido. Portanto, as carícias nos genitais (mesmo sem sensibilidade) e em áreas com sensibilidade,antes, durante e após a penetração, ou mesmo sem penetração, são muito importantes.

Como acontece a ereção?
A ereção acontece quando os corpos cavernosos (“grandes veias”) do pênis se enchem de sangue. Existem três maneiras do homem conseguir uma ereção: psicogênica (ocorre através do pensamento), reflexa (resulta da estimulação do pênis ou regiões próximas) ou espontânea (acontece por algum estímulo interno, como por exemplo, acordar com uma ereção por estar com a bexiga cheia). O nível da lesão na medula (altura em que ocorreu a lesão: cervical, torácica, lombar, conemedular, cauda equina) e o tipo (completa ou incompleta) é que vão determinar o tipo e a qualidade da ereção. Homens com lesão entre T11 (vértebra torácica) e L2 (vértebra lombar) não conseguem a ereção psicogênica porque a mensagem (pensamento erótico) vinda do cérebro não consegue passar através da lesão, uma vez que esta é a área responsável pela ereção. A ereção reflexa pode ocorrer de várias maneiras: puxando os pelos pubianos, estimulação oral ou manual do pênis, vagina ou ânus, estímulo de qualquer área do corpo onde há sensibilidade (como orelhas, pescoço, costas, tórax).


O homem lesado medular pode ter filhos?
Sim. Embora na maioria dos homens lesados medulares ocorra a ejaculação retrógrada, existem métodos para realizar a fertilização da mulher com o sêmen. Através da estimulação próxima ao freio da glande (ponta) do pênis com um vibrador, a ereção e ejaculação podem ser alcançadas. Este sêmen pode ser recolhido em um frasco estéril e colocado com uma seringa na vagina da mulher. Esta seria uma inseminação artificial caseira. Existem vários métodos realizados pelo médico para a inseminação artificial tal como a introdução de um estimulador elétrico no ânus do lesado medular até que chegue próximo à próstata provocando a ejaculação para inseminação artificial. Outro método é a retirada dos espermatozóides diretamente dos testículos através de uma seringa. O problema maior é quando a qualidade dos espermatozóides não é boa. Isto ocorre pelo aumento da temperatura nos testículos pela posição sentada por muito tempo, infecções urinárias frequentes, entre outras causas.

E a mulher com lesão medular - Posso engravidar após a lesão medular?
Sim. Se você deseja ter um filho é possível. Se não deseja, deve tomar as medidas possíveis para evitar uma gravidez. Muitas mulheres concebem e criam seus filhos mesmo estando em cadeira de rodas. A gravidez transcorre igual à de qualquer mulher, porém alguns cuidados específicos dever ser observados. O primeiro passo é conversar com seumédico. O fato de ser lesada medular não significa risco de ter um filho defeituoso. O parto pode ser normal, porém não muito prolongado o período de trabalho de parto; seu obstetra definirá o melhor método. A amamentação também é possível e recomendável, como para qualquer mulher, além de ser muito importante para o bebê.




        Em resumo das respostas, observamos que o homem com lesão medular ainda sente prazer, em sua maioria possuem capacidade de ereção, mas em sua maioria não conseguem exteriorizar a ejaculação, tendo o que chamamos de ejaculação retrógrada. Nos casos de ejaculação retrógrada, a punção de epidídimo ou de testículo, conforme ja expliquei em post anterior (Obtenção de espermatozóides) juntamente com a fertilização in vitro resolvem o problema. E a mulher também continua sentindo prazer e pode engravidar naturalmente.

RELATO DE CASO

Paciente  cadeirante com 45 anos , esposa com 29 anos com Síndrome dos Ovários policísticos . Nesse caso o homem conseguia  ter ereção e ejacular com o auxílio de estímulo no pênis com vibrador, seu sêmen era bom com 90 milhões de espermatozóides. Após a estimulação ovariana e aspiração dos folículos, tiveram 5 óvulos, os 5 estavam maduros e foram injetados. Todos fertilizaram e no terceiro dia tínhamos 5 embriões:  1 grau "A", 2 embriões grau "B" e 2 embriões grau "C".
 Foram transferidos 2 embriões ( 1 "A" e 1 "B"). Os embriões excedentes ficaram em cultivo até o quinto dia para ver se sobreviveriam , apenas um sobreviveu e foi congelado. Após 12 dias fizeram o exame de sangue e deu "POSITIVÍSSIMO". Ao primeiro exame ultrassonográfico a surpresa de gêmeos!!! O casal está muito feliz, falta só mais uma ultrassonografia para terem "alta" da clínica.








Um abraço!!! Fiquem com Deus!!!



 

terça-feira, 1 de abril de 2014

O uso de telefone celular afeta a fertilidade masculina


Bom dia Gente!!! Tudo bem??

      Falarei hoje de um assunto que pode deixar muita gente preocupada. Quem aqui fica menos de 4 horas com o celular por dia??? Em uma era em que o avanço tecnológico é voraz, a necessidade de informação é como um vírus e nos tornamos dependentes disso tudo, me arrisco a dizer que o cachorro de estimação perdeu seu lugar como melhor amigo do homem para o celular.

Recentes estudos de diferentes e conceituados Centros de pesquisa em Reprodução Assistida – Cleaveland Clinic e outro da Universidade de Queens do Canada, avaliaram os efeitos nocivos do uso excessivo de telefone celular na fertilidade masculina.
A hipótese é que as ondas eletromagnéticas que são emitidas pelos celulares, atuem na glândula pituitária que é justamente a responsável para a produção do hormônio LH (Hormônio Luteinizante).  Este é um hormônio importante para a reprodução e em um dos estudos apresentou níveis baixos em pacientes expostos à radiação que é emitida por telefones celulares. Com a diminuição do hormônio, a testosterona circula de maneira básica, podendo afetar a qualidade dos espermatozóides.
O hábito de mantê-lo no bolso da calça próximo a genitália masculina geraria um “stress” térmico, ou seja, as ondas eletromagnéticas geram um aumento de temperatura na região dos testículos alterando assim os parâmetros seminais com diminuição da concentração, motilidade e vitalidade dos espermatozóides.
As pesquisas mostram que o uso de celular por um período médio de 4 horas por dia é suficiente para percepção dos efeitos nocivos na fertilidade masculina. Ainda, demonstram que esses efeitos não estejam relacionados somente a fertilidade masculina, mas na saúde em geral como demonstrado na figura abaixo.



          Minha opinião: "diversos estudos científicos têm demonstrado o que observo no laboratório – uma queda na qualidade seminal nos últimos anos. Isto provavelmente está relacionado com a piora da qualidade de vida e adoção de hábitos modernos prejudiciais como a utilização de telefones celulares, internet sem fio (wireless), consumo de alimentos industrializados com mais conservantes, aumento da poluição e os já conhecidos vilões cigarro e álcool”. Afirmo ainda que “Os estudos realizados merecem toda credibilidade, no entanto, mais estudos são necessários para elucidar até que ponto as ondas eletromagnéticas dos telefones celulares comprometem os parâmetros seminais”.  
Os tratamentos de reprodução assistida podem auxiliar os casais com dificuldade de engravidar alcançando uma taxa de até 60% de sucesso por tentativa. Os danos causados na qualidade seminal podem ser reversíveis. Sendo assim, uma reflexão sobre a dependência dos utensílios da vida moderna e a busca por hábitos mais saudáveis, são ainda a melhor solução para preservar a fertilidade. 

Depois que li esses estudos, procuro evitar de andar com o celular no bolso, por exemplo entro no carro tiro o celular, vou almoçar tiro o celular do bolso e coloco na mesa, tenho tentado mudar meus hábitos, Faça um teste voce também!!

Abraços! Fiquem com Deus!

segunda-feira, 31 de março de 2014

Aprendendo a Classificação dos Embriões

Olá gente, tudo bem??

Hoje falarei e ensinarei como classificamos os embriões no laboratório, pois tenho visto muitas pacientes que chegam a mim dizendo que foram transferidos bons embriões em sua tentativa anterior em outro local e me mostram as fotos dos embriões. Muitas vezes vemos embriões que eram de má qualidade e não condiziam com a classificação apresentada. Por isso quero ensinar vocês a classificarem os embriões, para que possam saber o que realmente está acontecendo.

A classificação embrionária que explicarei, é baseada em critérios morfológicos e foi baseada de acordo com diversos estudos, que relacionaram fatores morfológicos dos embriões com os resultados de gravidez.

Basicamente avaliamos 3 critérios:

 - Número de Células do embrião: conforme o dia da avaliação o embrião tem que ter um número ideal de células, não pode ter nem mais ou menos células. Por exemplo, um embrião em dia 2 o ideal são 4 células, dia 3 o ideal são 8 células, dia 4 são mais de 16 células - já fica difícil a contagem e damos o nome de mórula e no dia 5 já não conseguimos mais contar o número de células e o embrião atinge o estágio de blastocisto que por sua vez possui outro tipo de classificação mais complexa.

 - Simetria dos Blastômeros: os blastômeros devem apresentar o mesmo tamanho entre si, não é ideal que um embrião de 4 células tenha 2 blastômeros grandes e 2 pequenos, por exemplo.

 - Porcentagem de Fragmentação: a fragmentação que o embrião produz está relacionada a falhas no metabolismo e na divisão celular, seria como se fosse fragmentos de descarte que o embrião produz. Portanto, quanto mais fragmentos um embrião produz de pior qualidade ele é, ao contrário quanto menos fragmento - melhor ele é.

Vamos entender do que estou explicando nessa ilustração abaixo:


Agora vejamos a foto de um embrião igual a ilustração que fiz:


 De acordo com os critérios que mencionei acima, os embriões são classificados em 4 diferentes graduações, A - B - C e D, veja abaixo o que significam:

- Grau A: É um embrião EXCELENTE, não poderia estar melhor! Possui o número de células correspondente com o dia de seu desnvolvimento, células simétricas e possui no máximo 10% de fragmentação. Possui grande potencial de desenvolvimento até blastocisto.

- Grau B: É um embrião MUITO BOM! Possui o número de células correspondente ou próximo do que esperamos para o dia de seu desenvolvimento, possui células simétricas e possui no máximo 20% de fragmentação. Possui um bom potencial de desenvolvimento até blastocisto.

- Grau C: É um embrião BOM! Possui ou não, o número de células correspondente ao dia do seu desenvolvimento, possui células assimétricas e possui até 30% de fragmentação. Possui um potencial regular de desenvolvimento até blastocisto. 

- Grau D: É um embrião REGULAR! Geralmente não possui o número de células correspondente ao dia do seu desenvolvimento, possui células assimétricas e possui mais de 30% de fragmentação. Possui um potencial mais baixo de desenvolvimento até blastocisto, mas pode chegar.

 Vejam ilustração abaixo, percebam o numero de célula, a simetria e a fragmentação:

Quero só fazer uma observação, que esse é um critério apenas morfológico, não avalia se o embrião é genéticamente saudável ou não, também não quer dizer que vá ou não vá implantar e sim que existe maior ou menor probabilidade. Por exemplo, ja tive casos em que transferi 3 embriões de excelente qualidade em que tinha quase certeza que a paciente estaria grávida e não engravidou. Tive casos que transferi 1 embrião Grau D, que lamentei pois queria que a paciente engravidasse e adivinhem!??!?! ENGRAVIDOU!! Moral da história, quando tiver que ser - será e não sabemos nada perto da vontade de Deus!!!

Segue algumas fotos de embriões para voces tentarem classificar, quem quiser arriscar faz um post falando a classificação de cada uma das fotos... no final da semana eu coloco a resposta!!!

A-

B-


D -



Bom início de semana para todos!!! Força, coragem e fé!!! Não deixem faltar nunca isso!!! Só consegue quem acredita e quem tenta.

Abraços

quinta-feira, 27 de março de 2014

Técnicas de Obtenção de Espermatozóides em pacientes Azoospérmicos

Olá gente, tudo bem??

         Quando o resultado de um espermograma aparece: AUSÊNCIA DE ESPERMATOZOIDES e se recebe o diagnóstico de AZOOSPERMIA, significa que voce não produz espermatozóides certo?!?! Errado! Esse diagnóstico significa que voce não possui espermatozóides no ejaculado, mas pode ser que produza uma quantidade pequena de espermatozóides, basta sabermos onde procurá-los. Por isso hoje explicarei métodos de obtenção de espermatozóides em casos de azoospermia.

          A primeira coisa que se deve saber ao receber um diagnóstico como esse, é que voce deve repetir esse exame em um local especializado em Reprodução Humana, pois os laboratórios convencionais muitas vezes utilizam um método automatizado para a  realização do exame que possui limitações. Em uma clínica especializada, quando não achamos espermatozóides no exame convencional utilizamos um método de lavagem e centrifugação da amostra, assim concentramos tudo que houver na amostra para fazermos uma nova avaliação. Através desse método, já consegui encontrar espermatozóides em muitos casos em que não encontraram nos laboratórios convencionais.

        Segue uma foto abaixo para ilustrar a anatomia dos sistema reprodutor masculino, para que entendam melhor o que explicarei abaixo:




E quando não achamos espermatozóides no ejaculado na clínica de Reprodução Humana? Irei focar somente nas técnicas de obtenção de espermatozóides para o tratamento da infertilidade e não nas causas e tratamentos da azoospermia.

As técnicas de obtenção de espermatozóides são baseadas em buscarmos direto na "fonte" onde são produzidos ou armazenados, nos testículos e epidídimos, respectivamente.

Para azoospermias obstrutivas, que são aquelas causadas por uma obstrução no canal deferente que conduz os espermatozóides do epidídimo (local onde os espermatozóides são armazenados) para a uretra, como nos casos de agenesia do canal ou pacientes vasectomizados. Nesses casos, utilizamos a técnica de  Aspiração Percutânea de Espermatozoide do Epidídimo - PESA. O PESA, consiste em uma punção aspirativa com agulha fina (tipo de insulina) do epidídimo para pegar os espermatozóides que houverem ali. Veja ilustração abaixo do PESA:




Nos casos de azoospermias obstrutivas temos praticamente 100% de chances de recuperarmos espermatozóides e utilizá-los na técnica de ICSI para injetá-los nos óvulos, em alguns casos de azoospermias que chamamos de secretoras, conseguimos encontrar espermatozoides por essa técnica. É uma técnica relativamente simples, não precisa de sedação fazemos apenas anestesia local geralmente.

E se não encontramos no PESA, o que fazemos?
Partimos para a "fonte" onde são produzidos os espermatozóides, nos testículos! Utilizamos a Aspiração Percutanea de Espermatozoide dos Testículos - TESA. No TESA, usamos uma agulha mais grossa pois o objetivo é aspirar túbulos seminíferos dos testículos, pois dentro desses túbulos podemos encontrar os espermatozóides. 





Muitas vezes encontramos espermatozóides ainda imaturos, que estão terminando de serem formados, mas mesmo esses espermatozóides podem ser utilizados para fertilizar o óvulo através da técnica de ICSI. Entretanto, a taxa de fertilização com os espermatozóides imaturos é um pouco mais baixa e pode afetar um pouco a qualidade de alguns embriões, mas se a mulher conseguir ter um bom número de óvulos a chance de ter bons embriões para transferir é grande. A punção do testículo pode ser feita com uma anestesia local em toda a região e em casos de homens com alta sensibilidade para dor, recomendo a sedação.




E se não encontramos no TESA, tem mais alguma coisa que possa ser feita?
Sim!!! Ainda existe mais uma técnica que pode ser utilizada, é a Micro-TESE. Essa é uma técnica cirúrgica e invasiva, em que o paciente toma uma sedação geral e o médico cirúrgicamente chega até os testículos, com o auxílio de uma lupa consegue enxergar e retirar os túbulos seminíferos mais "gordinhos" e vascularizados que são mais propensos a encontrarmos espermatozóides. Há quem diga que se não encontrar no TESA não encontra na Micro-TESE e há quem diga o contrário. Eu acredito que a Micro-TESE é eficaz, inclusive participei de um estudo que em 2008 foi publicado em uma revista internacional, que encontramos espermatorzóides em 66% dos casos que foram para micro-tese com excelentes resultados de gravidez. Os espermatozóides encontrados, possuem as mesmas características do TESA e podem ser injetados pela técnica de ICSI.




As técnicas de TESA e Micro-TESE, são técnicas muito utilizadas nos casos de azoospermias secretoras ou não obstrutivas, que são aquelas em qua há uma deficiência da produção dos espermatozóides e representam 70% dos casos de azoospermia.  As causas desse tipo de azoospermia são variáveis: alterações hormonais, alterações testiculares, criptorquidismo, alteração genética, infecciosa, pacientes que fizeram quimioterapia ou radioterapia; ou sem causa aparente.

 E se não encontrarmos na Micro-TESE, ainda é possível engravidar???
Sim!!! Utilizando espermatozóides de doador. Esse é um tema que quero abordar com cautela e dedicarei um único post para conversarmos a respeito.

Se quiser saber sobre uma possível causa de azoospermia, leia mais em: http://www.embryoforlife.blogspot.com.br/2014/03/infertilidade-masculina-fatores.html
http://www.embryoforlife.blogspot.com.br/2014/02/infertilidade-masculina-alteracoes.htm
http://www.embryoforlife.blogspot.com.br/2014/02/infertilidade-masculina-varicocele.html

Por hoje é isso pessoal!!! Qualquer dúvida estou sempre a disposição, respondo todos os e-mails. 

Um Abraço!! Fiquem com Deus!

terça-feira, 25 de março de 2014

Técnicas Complementares: Hibridização Genômica Comparativa - CGH array

Bom dia gente!! Tudo bem?? Vamos aqui falar sobre mais uma e mais recente técnica complementar ao tratamento da infertilidade: A HIBRIDIZAÇÃO GENOMICA COMPARATIVA - CGH. Mas o que é isso??? Através dessa técnica fazemos uma varredura nos 24 cromossomos, detectando mesmo as menores alterações genéticas. Leia mais abaixo!

O CGH-array é uma importante ferramenta no Diagnóstico Genético Pré-implantacional na tentativa de selecionar os embriões mais propensos a ter um cariótipo normal e, conseqüentemente aumentar a probabilidade de implantação e de desenvolvimento em uma criança saudável.

Trata-se de uma recente técnica disponível no Brasil a partir de 2010, tendo sido aplicada com sucesso pela primeira vez em uma paciente de 38 anos de idade, com falhas repetidas de implantação após diversas tentativas de fertilização in vitro e já havia realizado análise genética dos embriões em ciclos anteriores de apenas 5 cromossomos pela técnica de FISH que foram transferidos aqueles considerados sem alterações, porém sem sucesso de gravidez. A análise CGH em blastômeros biopsiados encontrou um em cinco embriões como normal para todos os cromossomos. Este embrião foi transferido e resultou no nascimento de um bebê saudável.


A fim de manter as taxas de gestação satisfatórias e reduzir o número de embriões transferidos, é essencial identificar os embriões com maior potencial para a formação de uma gravidez e garantir que esses embriões sejam uma prioridade na transferência. Atualmente, a decisão de quais embriões serão utilizados é feita com base na sua capacidade de crescer até o estágio de blastocisto e nos critérios morfológicos analisados pelo embriologista. Infelizmente, essas análises não fornecem informações sobre o número de cópias cromossômicas, que é um dos aspectos mais importantes na viabilidade embrionária. Sabe-se que cerca de 37% dos embriões trissômicos atingem o estágio de blastocisto e 70% dos embriões morfologicamente normais são aneuplóides.

A maioria dos erros cromossômicos é incompatível com a implantação ou o nascimento e, portanto previstos para afetar negativamente os tratamentos de reprodução assistida.

A hibridização genômica comparativa é uma técnica ideal para o diagnóstico genético pré-implantacional, pois realiza o cariótipo completo de todos os 46 cromossomos, fornecendo uma ferramenta poderosa para uma análise confiável de aneuploidias em oócitos e embriões e, permitindo a transferência de embriões “competentes”, podendo aumentar a taxa de gestação em até 80%.

Como é realizada esta técnica?
Para aplicação desta técnica é necessária a realização da biópsia do embrião em estágio de blastocisto (embrião no 5º dia de desenvolvimento) em que são retiradas algumas células que dariam origem a placenta (trofodérmicas) sem afetar as que dariam origem ao feto e sem prejudicar o desenvolvimento do embrião e da placenta.

Em 30 horas temos o resultado da análise realizada em todos os cromossomos dos embriões biopsiados, aqueles considerados normais serão transferidos.






Indicações da técnica de CGH?
- Mulheres com idade >37 anos;
- Paciente com histórico de alterações genéticas na família;
- Casais de FIV com falhas repetidas no tratamento;
- Mulheres com histórico de abortos repetidos;

Limitações da técnica
Nem todos os embriões produzidos no laboratório chegarão ao estágio de blastocisto, estudos revelam que aproximadamente um em cada 3 embriões terão competência para o desenvolvimento até o quinto dia, ou seja, a aplicação desta técnica é geralmente limitada a um número baixo de embriões ou pode nem ser realizada pois nenhum pode chegar até blastocisto devido essa seleção natural.

Como já citado anteriormente, estudos revelam que cerca de 70% dos embriões morfologicamente normais podem apresentar alterações cromossômicas, sendo assim corre-se o risco de realizar o CGH e todos embriões analisados serem alterados cromossomicamente.


Portanto, é importante que o casal esteja ciente que nessas duas situações pode-se não ter embriões para transferência, no entanto, este fato relaciona-se a uma antecipação de um resultado negativo de gravidez caso fossem transferidos os embriões.

Abraço! Fiquem com Deus!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Relato de Caso: Casos em Curitiba - PGD

Bom dia Gente, tudo bem? Como passaram o final de semana?

Conforme falei no IG na sexta, fui chamado para realizar dois casos de biópsia embrionária para fazermos a avaliação genética dos embriões antes de serem transferidos. Compartilho com voces a história dessas duas pacientes que são interessantes.

Primeira paciente, tem 41 anos e está na sua segunda tentativa. Na primeira tentativa, ela fez o PGD dos embriões, de 6 embriões que ela teve 5 tinham alterações e o único saudável não teve um bom desenvolvimento até o dia da transferência. Mesmo assim foi transferido 1 embrião mas ela não engravidou. Dessa vez, ela teve 4 embriões biopsiados e 3 desses estavam alterados. Mas o embrião saudável estava com uma boa qualidade e foi transferido. Agora é rezar por ela, para que dê certo!!!



Segunda paciente, esse é um caso bem interessante pois a mãe é portadora de rim policístico e ela não deseja que seu filho tenha a mesma doença. Essa doença acomete 1 em cada 1000 pessoas, é causada por uma mutação nos genes PKD1 ou PKD2. Nesse caso então, fizemos uma avaliação dos embriões para detectar quais seriam portadores dessa mutação pois dependendo da mutação a chance dos filhos herdarem a doença chega a 50%. Foram biopsiados e analisados 9 embriões, seis embriões estavam alterados e 3 eram saudáveis. Foram transferidos 2 embriões em boa qualidade. Agora é rezar por ela também para que dê certo!!!


Amanhã falarei de uma outra técnica complementar e ainda essa semana ensinarei a voces como fazemos para classificar os embriões e voces entenderem o que é um embrião A, B, C ou D.

Abraço!! Boa semana!!