Dando início a série de Técnicas Complementares aos tratamentos de infertilidade, falarei hoje sobre a Criopreservação de Óvulos. Pode ser utilizada para preservar a fertilidade para quem deseja adiar a maternidade, ou em casos de pacientes com câncer que serão submetidas a quimioterapia, ou ainda para pacientes que estão no tratamento da infertilidade e pela estimulação ovariana produziram um alto número de óvulos.
O congelamento de óvulos é realizado através do método de vitrificação, que protege a célula e mantém suas funções. Os óvulos são as maiores células do corpo humano, cerca de 70-80% da composição celular é de água, por isso há uma grande dificuldade em seu congelamento. O grande desafio do sucesso de qualquer congelamento é que temos que retirar a água das células e depois preenche-las com um líquido que proteje a célula quando for congelada chamado crioprotetor. Mas por que temos que retirar a água da célula?? basciamente por dois motivos, quando a água congela a sua molécula se modifica a estrutura e se torna maior, com isso ela expandiria o volume celular e romperia a célula. Outra modificação da estrutura da molécula de água, é que quando ela congela transforma-se em cristais de gelo e esses cristais tem formas pontiagudas (veja as figuras abaixo). A técnica de vitrificação permite que o congelamento seja tão rápido que não se formam essas espículas e portanto; diminuem a chance de causar dano as estruturas do óvulo.
Essa é a ilustração da molécula de água em sua forma líquida
Molécula de água em sua forma congelada, forma de cristal de gelo
Atualmente vêm crescendo o número de mulheres que adiam o
sonho da maternidade para se dedicar à carreira, estudos e ao mercado de
trabalho. Nestes casos, a criopreservação de óvulos apresenta-se como
uma técnica moderna e alternativa para a preservação da fertilidade feminina
pois possibilita à mulher estocar e preservar seus óvulos jovens antes de
perder a qualidade ou a total função ovariana, permitindo que, mais tarde,
quando estiver decidida, obtenha sucesso na gravidez.
Alguns tipos de drogas
utilizadas no tratamento quimioterápico para câncer podem causar infertilidade, tanto
no homem, como na mulher, como por exemplo a Ciclofosfamida. Os oncologistas,
por meio de pesquisas, constataram que drogas quimioterápicas utilizadas,
principalmente, nos tratamentos de linfomas, de leucemias e de câncer de mama
causam taxas de infertilidade acima de 50%, para ambos os sexos. Os remédios do composto quimioterápico
para matar as células cancerosas podem também destruir as células que originam
os óvulos e os espermatozóides.
Dessa forma o congelamento
de óvulos ou mesmo do tecido ovariano pode ser realizado previamente ao
tratamento do câncer para preservação de sua fertilidade.
Uma grande utilidade do congelamento de óvulos é para as pacientes que estão em tratamento de Fertilização In Vitro, submetidas a estimulação ovariana e produzem um número elevado de oócitos. Para esses casos uma alternativa é congelar os óvulos excedentes para usá-los posteriormente caso não dê certo nessa tentativa, não precisa ser submetida a estimulação e nem ter gastos com medicações para estimulação ovariana. Caso dê certo e não queira mais utilizá-los, pode-se pensar em ajudar as mulheres que não produzem mais óvulos e desejam ter filhos e doá-los ou descartá-los. Tem países em que a legislação permite a fertilização de 2 oócitos apenas e a transferência de apenas 1 embrião por tentativa, nesses países o congelamento é muito utilizado.
Atenção: dificilmente temos 100% de recuperação no descongelamento de oócitos, temos atualmente cerca de 60-80% de recuperação dos óvulos e desses quando injetados temos uma taxa de fertilização um pouco mais baixa também que os óvulos a fresco. Mas é uma boa alternativa nessas situações citadas acima.
Abraço!! Tenham uma boa semana!! Fiquem com Deus!
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