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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Tratamentos: Fertilização In Vitro (FIV)

            Bom dia gente, tudo bem?? Dando continuidade a série sobre tratamentos, hoje falarei meio que um passo-a-passo da técnica de Fertilização In Vitro (FIV), indicações e taxas de sucesso.

            A FIV, também chamada popularmente de “bebê de proveta”, consiste em um conjunto de técnicas de Reprodução Assistida que tem como finalidade produzir embriões para casais inférteis. Com bons índices de sucesso, essa técnica teve seu marco inicial pelo cientista britânico Robert Edwards (ganhador do premio Nobel de medicina em 2010), que em 1978 como resultado de suas pesquisas obteve o nascimento do primeiro bebê, uma menina que se chama Louise Brown.

          

  Com mais de 5 milhões de bebês nascidos no mundo, esta técnica é indicada principalmente quando não há um fator masculino muito severo associado (necessário no mínimo 2 milhões de espermatozóides e 25% de motilidade) e quando há problemas mais graves de ovulação (síndrome dos ovários policísticos), endometriose e fatores tubários na mulher, sendo utilizada também a outros fatores de infertilidade.
           
Basicamente, essa técnica é dividida em quatro etapas:



1ª Fase - Estimulação Ovariana: Através da administração controlada de hormônios exógenos à paciente, com o objetivo de estimular a produção de um maior número de óvulos, cerca de 6 a 10, para termos uma maior chance de produzir e selecionar os melhores embriões para serem transferidos. Nessa fase, é muito importante que a paciente siga atentamente todas as instruções do médico, administrando rigorosamente a dosagem a ser utilizada e os horários recomendados. Quero fazer aqui uma observação sobre essa frase que grifei. Eu ja vi muitas pacientes acharem que entenderam tudo e na verdade não entenderam nada, elas perdem o tratamento por falta de atenção e por não perguntarem e esclarecerem as dúvidas com seu médico. Gente, perguntem tudo, principalmente ouçam e anotem tudo, tudo e tudo. Já aconteceu de paciente que tomou remédio pra ovular antes da hora ou depois da hora que o médico passou, esse remédio é crucial para o tratamento se errar nesse pode por tudo a perder, todo o dinheiro e tempo gasto naquela tentativa... ja imaginaram? 

Aplicação das injeções de hormônios


 Imagem de controle ultrassonográfico do crescimento dos folículos. Casa "bolinha" preta dessas é um folículo com óvulo dentro.




2ª Fase - Retirada dos Óvulos: consiste em uma técnica relativamente simples, a paciente deve vir para a clínica em jejum neste dia, pois tomará uma sedação leve para não sentir nenhuma dor. Através de uma punção aspirativa guiada por ultrassonografia transvaginal, retira-se os óvulos que se desenvolveram no ovário devido a estimulação com hormônios. Posteriormente, os óvulos são encaminhados ao laboratório para sua identificação e preparo, a partir daí eles ficam em um líquido (meio de cultura) que propicia os mesmos nutrientes existentes na tuba uterina e ficam em incubadoras que imitam o ambiente propício do útero para sua sobrevivência e desenvolvimento, com controle rigoroso de temperatura, pH e atmosfera. Neste mesmo dia, realiza-se a coleta dos espermatozóides e posterior preparo seminal.


3ª Fase - Contato dos espermatozóides com os óvulos: após a retirada dos óvulos e o preparo seminal, ambos são colocados em contato em um mesmo local, que são recipientes com meio de cultura que ficam dentro da incubadora (antigamente se usava uma proveta para isso, por isso o nome "bebê de proveta"), favorecendo assim o encontro dos melhores espermatozóides com os óvulos, para que ocorra a penetração “naturalmente” do espermatozóide no óvulo. Curiosidade: para cada óvulo calculamos  que sejam necessários cerca de 50 mil espermatozóides para apenas um desses fertilizá-lo. Imaginem isso naturalmente que os espermatozóides são depositados na vagina da mulher, têm que achar o colo uterino, passar pelo muco cervical, entrar no útero, atravessar o útero e as tubas uterinas para lá em cima perto do ovário encontrar com o óvulo!!! Ufa!!! Realmente é um vencedor aquele espermatozóide que fecunda o óvulo!!! Se compararmos o espermatozóide com o homem, a velocidade média do espermatozóide é de 25 micras por segundo, cerca de 5 vezes a sua altura, o que seria similar a um homem de 2 metros correr 10 metros por segundo, o que só ocorre em provas de 100 metros rasos e por alguns segundos.

 Placa com meio de cultura onde são colocados os óvulos e espermatozóides


4ª Fase - Desenvolvimento e Transferência dos Embriões: no dia seguinte ao contato do espermatozóide com o óvulo, verifica-se a fertilização e seu desenvolvimento geralmente até o 3º dia após a retirada dos óvulos, mas pode-se estender o cultivo até o 5º dia em estágio de blastocisto. Os embriões são avaliados e classificados de acordo com parâmetros internacionais de morfologia. Selecionamos os melhores embriões para serem transferidos ao útero materno. O número de embriões varia de acordo com a idade da paciente (de acordo com a preconização do CFM), ou pode ser avaliado também caso a caso. O dia da transferência será determinado pelo laboratório de acordo com cada caso especifico, ja tive sucesso transferindo embriões em dia 1, 2 , 3 , 4 e 5 após a retirada dos óvulos. A transferência é um procedimento simples e indolor, não é necessário anestesia, os embriões são colocados em um catéter e o médico passa esse catéter através da cérvix e deposita os embriões no fundo do útero injetando-os com auxílio de uma seringa acoplada ao catéter.


1º Dia - Fertilização                                                          2º Dia - Embrião com 4 células                


 3º dia  -Embrião com 8 células                       4º Dia - Embrião com mais de 16 células, se chama Mórula




                   5º Dia: Não conseguimos mais contar o número de células. Embrião em estágio de Blastocisto.



Ilustração da Transferência dos Embriões


        
         Taxas de Sucesso com essa técnica é em torno de 40% por tentativa!!! Essa técnica vem sendo menos utilizada pela maioria das clínicas, pois o custo x benefício é pior quando comparada com a ICSI. Amanhã falarei sobre a ICSI e poderão entender melhor a diferença entre elas.

Abraços! Fiquem com Deus!




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