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Sou formado em Biomedicina e Medicina Veterinária, especialista em Reprodução Humana. Trabalho como embriologista desde 2004, tendo atuado nos maiores Centros de Reprodução Humana da América Latina, com experiência de mais de 5000 casos. Recentemente tive mais um grande motivo para amar e me dedicar ainda mais a minha profissão com o nascimento do meu filho. É um sentimento que desejo para todas as pessoas no mundo e o que eu puder fazer para ajudar aqueles que querem engravidar eu farei. Sendo assim o objetivo desse Blog é de ajudar e informar casais que tem dificuldade de engravidar além de compartilhar novidades e conhecimento com pessoas das áreas da saúde.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Técnicas Complementares: Super ICSI

 Bom dia Gente, tudo bem? 

        Hoje  encerrando a semana , escrevo sobre um assunto que considero meio polêmico para a série de técnicas complementares da reprodução assistida - a SUPER ICSI. Muitas pacientes chegam na clínica, pedindo o uso dessa técnica pois viram na internet a respeito ou viram em sites de clínicas a divulgação dessa técnica. Pretendo aqui esclarecer, alertar e desmistificar sobre o que é essa técnica, aplicações e eficácia de seu uso. 

        A Super ICSI, tem seu nome técnico conhecido por: Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide Morfologicamente Selecionado - IMSI, que consiste na utilização de lentes especiais de alta magnificação que permitem um aumento de 6000 a 12500 vezes, na ICSI convencional utilizamos um aumento entre 200 e 400 vezes. Esse aumento com essas lentes especiais permitem uma melhor avaliação morfológica no momento da seleção dos espermatozóides, permitindo visualizar a presença de vacúolos na cabeça do espermatozóide que estariam relacionados a uma alteração na condensação do DNA dessa célula. 




      Muitas clínicas no Brasil aderiram a essa novidade, acreditando e "vendendo" a idéia de que essa é a solução para quem busca o tratamento, que com essa técnica as taxas de fertilização, qualidade dos embriões e gravidez são maiores. Mas quero aqui mostrar que não é bem assim que funciona.

     Para escrever esse artigo, fiz algo que não vi em nenhum site ainda, um levantamento de trabalhos científicos publicados em revistas internacionais de referência da área que se chamam: Fertility And Sterility e Human Reproduction, para mostrar que essa não é uma opinião desembasada e única e exclusivamente minha. Veja abaixo os estudos, pode ser que voces não entendam alguns termos técnicos, mas quero aqui mostrar o que os estudos dizem e no final dou um resumo das conclusões e  então chegarmos a uma conclusão:


Estudo publicado em 2007: Desenvolvimento do Embrião até o dia 5 e gravidezes após a ICSI ou a IMSI (SUPER ICSI) em paciente com falha prévia de implantação: estudo com oócitos irmãos
CONCLUSÃO: A IMSI pode ser considerada uma técnica útil para selecionar a forma normal do espermatozóide com poucos defeitos nucleares como vacúolos que reduzem a proporção de embriões que se desenvolvem ao estágio de blastocisto. O estabelecimento de um novo espermograma, é necessário para definir um limiar dos vacúolos do qual a IMSI será a técnica preferida em qualquer tentativa.




Estudo publicado em 2008: IMSI (SUPER-ICSI): é uma boa escolha após duas ou mais falhas de FIV ou ICSI?
CONCLUSÃO: Após ao menos duas falhas de FIV ou ICSI, a técnica de IMSI parece oferecer uma melhor taxa de fertilização com melhor qualidade embrionária no dia 2, que está associada a uma maior formação e transferência de blastocistos. Boas taxas de gravidez e resultados da IMSI podem ser explicados através dessas observações e apoiam o uso dessa técnica após repetidas falhas de FIV ou ICSI.




Estudo publicado em 2009: RESULTADO CLÍNICO USANDO A IMSI (SUPER-ICSI): ESTUDO PROSPECTIVO RANDOMIZADO
CONCLUSÃO: A seleção espermática usando a SUPER ICSI (IMSI) não tem um impacto positivo no resultado clínico tanto quanto os embriões que são transferidos em seus estágios de clivagem. Altas taxas de desenvolvimento e de melhor qualidade de blastocistos nos ciclos usando a IMSI podem refletir a contribuição positiva do genoma paternos nos estágios posteriores do desenvolvimento embrionário. O cultivo e a transferência de blastocistos podem proporcionar um melhor direcionamento para a avaliação dos benefícios clínicos usando a IMSI.




Estudo publicado em 2012: Vacúolos dos espermatozóides estão relacionados a sua capacitação e ao estágio do acrossoma
CONCLUSÃO: Apesar da IMSI ser benéfica para casais com indicações específicas no tratamento, os resultados desse estudo se mostram difícil justificar a aplicação da técnica em larga escala.




Estudo publicado em 2013: Será que a IMSI melhora o desenvolvimento embrionário? Estudo randomizado usando oócitos irmãos
CONCLUSÃO: A prevalência de vacúolos em espermatozóides de formas normais é inferior a 27.5%.  Uma aplicação de rotina da IMSI em pacientes não selecionados de Reprodução Assistida não pode ser defendida.


JUROOOOO QUE É O ÚLTIMO...RS

Estudo publicado em 2013: Será que a IMSI é efetiva em pacientes com infertilidade relacionada a teratozoospermia ou falhas repetidas de implantação?
CONCLUSÃO: A técnica de IMSI é uma opção valida para pacientes com teratozoospermia severa em sua orimeira ou segunda tentativa, mas ela não melhora as taxas de gravidez em pacientes com repetidas falhas de implantação com ICSI na ausência de fator masculino severo.


       Ufaaaaaa... acabei!!! Meio chato né ler todas essas coisas técnicas?!?! Tem muitos outros ainda que falam positivamente e falam negativamente também. Vamos finalizar o assunto então com um resumo dos artigos e junto minha opinião sobre o assunto.

        A Super ICSI ou IMSI como é chamada técnicamente, pode ser útil em alguns casos muito específicos como por exemplo pacientes com alteração severa de morfologia dos espermatozóides ou em casos com falha total de fertilização ou de implantação em tentativas anteriores. O uso dessa técnica parece melhorar as taxas de fertilização e qualidade embrionária. Entretanto, se voce em seu tratamento possui uma boa taxa de fertilização e produz embriões de boa qualidade, que chegam ao estágio de blastocisto, não será a SUPER ICSI que te fará engravidar. Essa técnica permite uma melhor avaliação dos espermatozóides e o que a maioria das clínicas dizem é que permite visualizar a presença de vacúolo na cabeça do espermatozóide, mas quem foi que disse que esse vacúolo é ruim? Um dos estudos que coloquei aqui, publicado por um grupo renomado na área, afirma que a presença dos vacúolos está relacionada a uma reação fisiológica normal do espermatozóide, que é quando ele está capacitado para fertilizar o óvulo, ou seja, essa justificativa vai por água abaixo.

         Vale lembrar que o fato de selecionarmos um espermatozóide morfológicamente normal não significa que o mesmo ou embrião será livre de alterações genéticas. Cerca de 90% das alterações genéticas vem do óvulo, 8% do espermatozóide e 2% de falhas do desenvolvimento do embrião.

      Particularmente, já trabalhei com a Super ICSI e hoje não trabalho mais, fiz um teste que selecionei 200 espermatozóides com lentes normais ( aumento de 200x) e depois olhei os mesmos espermatozóides com as lentes especiais (aumento de 6000x), de duzentos que selecionei apenas 5 estavam alterados. A conclusão que tirei com isso, somado aos resultados que tenho atuais só com a ICSI, é que a experiência do embriologista é fundamental e se sobrepõe a essa técnica.

       Já vi também gente que pede espermograma com essas lentes especiais, isso não serve de nada e só vai te custar mais caro. 

       Pra finalizar, sugiro a quem ainda tem dúvidas do que eu disse que entre nos sites de clínicas de fertilização dos Estados Unidos e Espanha, muitas clínicas lá são referências mundial e nos sites que entrei dos grandes nomes do universo da Reprodução Assistida, nenhum deles falava em Super ICSI. Por que será? Eles não usariam isso lá se fosse realmente eficaz??

Veja alguns sites abaixo:

- http://www.advancedfertility.com/icsi.htm
- http://www.ivi.es/pacientes/tecnicas-reproduccion-asistida/icsi/
- http://www.atlantainfertility.com/in-vitro-fertilization-ivf.html
- http://www.houstonivf.net/


Abraço, Fiquem com Deus!!! Tenham um bom final de semana!!






quinta-feira, 20 de março de 2014

Técnicas Complementares: Diagnóstico Genético Pré-implantacional - PGD

Bom dia Gente!! Tudo bem?? Continuando a série de técnicas complementares, falarei hoje de um assunto muito interessante o PGD. Geralmente quando "engravidamos" o maior medo que temos é: será que meu filho é saudável? será que ele é normal geneticamente? Com essa técnica podemos selecionar o embrião geneticamente saudável para ser transferido para o útero. Leia o texto abaixo para mais informações..

Graças aos recentes avanços no campo da fertilização in vitro (FIV), onde centenas de bebês saudáveis vieram ao mundo por meio desta nova tecnologia e ao avanço extraordinário da ciência da reprodução humana, hoje pode-se proporcionar tranqüilidade e segurança aos casais que, por diversos motivos, precisam certificar-se da qualidade da saúde ou mesmo do sexo dos embriões que serão implantados no útero através desta moderna e promissora técnica que permite realizar o diagnóstico genético de gametas e embriões antes mesmo de sua implantação no útero materno.



Para a realização desta análise genética, é necessário realizar a biópsia do embrião, processo pelo qual se faz uma pequena abertura com LASER e se retira uma célula (blastômero) do embrião em terceiro dia de vida laboratorial que apresenta-se com 8 células. A retirada dessa célula não causa prejuízo ao desenvolvimento do embrião e permite assim analisar se aquele embrião possui ou não alteração genética. (Veja o vídeo da biópsia abaixo)




Após a retirada, o blastômero é então fixado em uma lâmina para a avaliação citogenética com uso de duas metodologias: a hibridização por fluorescência in situ (FISH) que identifica principalmente alterações cromossômicas, e a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) capaz de identificar alterações gênicas.


Atualmente o PGD tem sido utilizado também como um esforço de melhorar as taxas de gestação ao identificar os embriões que são cromossomicamente normais, sabe-se que aproximadamente 50% dos embriões produzidos em laboratório apresentam uma alteração cromossômica, sendo maior esse número em pacientes com idade reprodutiva avançada (>37 anos).


Portanto, o PGD é um teste capaz de diagnosticar desordens genéticas de um embrião antes da concepção da gestação. Assim sendo, além de melhorar os resultados da FIV, também auxilia casais com risco reprodutivo a ter filhos livres da doença.

A técnica de PGD, ou biópsia embrionária, contempla as seguintes finalidades terapêuticas:

·         O sexo de um embrião pode ser confiavelmente determinado, dessa forma, doenças ligadas ao sexo podem ser determinadas e evitadas.

·         Determinação e prevenção das doenças ligadas ao cromossomo X, como a hemofilia, a distrofia muscular de Duchenne e o retardo mental ligado ao cromossomo X (síndrome do x frágil).


·         Determinação das aneuploidias (erro no número de cromossomos) – a mais conhecida é Síndrome de Down em que o embrião possui um cromossomo 21 a mais, estima-se que a incidência dessa doença seja de 1/660 nascimentos, para mulheres com idade de 40 anos é de 1/110, em idade de 45 é de 1/32 e aos 49 de 1/11.  Outras aneuploidias também podem ser detectadas.

·         Doenças gênicas também podem ser prevenidas, como a fibrose cística (alteração no cromossomo 7), a doença de Tay-Sachs (predominante em famílias judias), a anemia falciforme e outras centenas de patologias.






Um Abraço!! Fiquem com Deus!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Técnicas Complementares: Criopreservação de Embriões

Oi Gente, tudo bem?? Um pouco tarde, mas segue a publicação de hoje. Dando continuidade a nossa série de técnicas complementares, a criopreservação de embriões é uma técnica fundamental em um laboratório de reprodução assistida pois nos permite congelar embriões de boa qualidade que sobraram durante um tratamento.

O avanço e desenvolvimento das técnicas de Reprodução Assistida e dos protocolos de estimulação ovariana, podem desencadear um alto índice de óvulos e pré-embriões nos tratamentos de FIV, ou seja, número acima do necessário para transferência.


Devido a isso foram desenvolvidos métodos responsáveis por manter esses pré-embriões armazenados e íntegros para um posterior tratamento, através do congelamento e armazenamento em nitrogênio líquido a uma temperatura de -196ºC.



Um programa de criopreservação tem como principal objetivo causar o menor dano possível no momento em que os embriões estiverem expostos a uma temperatura extremamente baixa e não-fisiológica. Durante o processo de criopreservação de embriões alguns fatores devem ser considerados, como: idade da paciente, quantidade e qualidade dos embriões criopreservados.

Os embriões são colocados nessas hastes

E depois são mergulhados diretamente no Nitrogênio Líquido a uma temperatura de -196ºC, pela técnica de Vitrificação. Por essa técnica a temperatura de resfriamento do embrião chega a -20.000ºC/min.



  Recomenda-se este procedimento quando durante o tratamento ocorrer embriões excedentes de boa qualidade, para utilizar em uma nova e futura tentativa de engravidar, poupando a paciente da estimulação ovariana e dispensando a necessidade de nova aspiração de óvulos e novos gastos com medicações. O tempo de armazenagem em nitrogênio líquido é indeterminado. A taxa de sobrevivência de embriões no descongelamento atualmente varia de 70 - 100% e a taxa de gravidez é um pouco inferior aos embriões a fresco, cerca de 35-40% de sucesso.


Um abraço!! Fiquem com Deus!!

terça-feira, 18 de março de 2014

Técnicas Complementares: Eclosão Assistida ou Assisted Hatching

     Bom dia Gente!! Tudo bem??

    Continuando a série de técnicas complementares, hoje falarei sobre a Eclosão Assistida que vem do inglês Assisted Hatching. Como outras técnicas que ainda irei comentar, quando "inventaram" o Assisted Hatching, acreditou-se que seria a solução para os problemas e com isso conseguiríamos melhorar os resultados, mas passando o tempo percebemos que não é bem assim e atualmente temos indicações específicas para utilização dessa técnica.

      Esta é uma técnica complementar nos laboratórios de Reprodução Assistida, consiste em fazer uma pequena abertura na zona pelúcida do embrião (veja foto abaixo) no terceiro ou 5ª dia de desenvolvimento facilitando assim a eclosão (saída) do embrião para a implantação no útero.

A ponta da seta mostra a abertura feita na Zona Pelúcida

Embrião em 7º dia eclodindo pelo buraco feito na Zona Pelúcida no terceiro dia.


       Para entender melhor o funcionamento  desta técnica, pense no embrião como um ovo, a casca do ovo seria a zona pelúcida, conforme o embrião se desenvolve ele tem que sair dessa casca para implantar no útero, isso acontece por volta do 7º-8º dia de desenvolvimento. Alguns embriões possuem a zona pelúcida espessa ou rígida demais para ser rompida por si só.

    Da mesma forma que o pintinho quebra a casca do ovo quando atinge seu desenvolvimento máximo o embrião precisa eclodir saindo de sua casca que se chama zona pelúcida para se implantar no útero pois ele já é grande demais e precisa de mais alimento e espaço para crescer e se desenvolver. Nas figuras abaixo, que retirei do livro Embriologia Clínica ( Moore & Persaud), compartilho com voces para que vejam o caminho percorrido pelo embrião de acordo com o tempo e seu desenvolvimento ( Figura 1) e na Figura 2 uma ilustração do momento da invasão das células do embrião no útero.


Figura 1a - Em português

Figura 1b - Em ingles

Figura 2


       
    Essa técnica é indicada geralmente para embriões descongelados pois após o descongelamento a zona pelúcida fica mas rígida; para embriões a fresco com zona pelúcida mais espessa ou em casos de embriões frescos de casais com falhas prévias de implantação.

Curiosidade: alguns estudos relacionam o uso dessa técnica com um aumento no nascimento de gêmeos idênticos e siameses, pelo fato de realizarmos essa abertura e de repente uma parte das células do embrião podem "escapar"  e se desprender dando origem a um novo embrião idêntico. Mas pode originar um outro embrião identico e não se desprender totalmente, dando origem aos gêmeos siameses. Mas isso ainda não é um fator de impedimento para a realização dessa técnica, os estudo indicam apenas um aumento na probabilidade.


     Amanhã continuo a série de técnicas complementares!

Grande abraço e fiquem com Deus!

domingo, 16 de março de 2014

Técnicas Complementares: Criopreservação de Óvulos

Dando início a série de Técnicas Complementares aos tratamentos de infertilidade, falarei hoje sobre a Criopreservação de Óvulos. Pode ser utilizada para preservar a fertilidade para quem deseja adiar a maternidade, ou em casos de pacientes com câncer que serão submetidas a quimioterapia, ou ainda para pacientes que estão no tratamento da infertilidade e pela estimulação ovariana produziram um alto número de óvulos.


O congelamento de óvulos é realizado através do método de vitrificação, que protege a célula e mantém suas funções. Os óvulos são as maiores células do corpo humano, cerca de 70-80% da composição celular é de água, por isso há uma grande dificuldade em seu congelamento. O grande desafio do sucesso de qualquer congelamento é que temos que retirar a água das células e depois preenche-las com um líquido que proteje a célula quando for congelada chamado crioprotetor. Mas por que temos que retirar a água da célula?? basciamente por dois motivos, quando a água congela a sua molécula se modifica a estrutura e se torna maior, com isso ela expandiria o volume celular e romperia a célula. Outra modificação da estrutura da molécula de água, é que quando ela congela transforma-se em cristais de gelo e esses cristais tem formas pontiagudas (veja as figuras abaixo). A técnica de vitrificação permite que o congelamento seja tão rápido que não se formam essas espículas e portanto; diminuem a chance de causar dano as estruturas do óvulo.

Essa é a ilustração da molécula de água em sua forma líquida


Molécula de água em sua forma congelada, forma de cristal de gelo

Atualmente vêm crescendo o número de mulheres que adiam o sonho da maternidade para se dedicar à carreira, estudos e ao mercado de trabalho. Nestes casos, a criopreservação de óvulos apresenta-se como uma técnica moderna e alternativa para a preservação da fertilidade feminina pois possibilita à mulher estocar e preservar seus óvulos jovens antes de perder a qualidade ou a total função ovariana, permitindo que, mais tarde, quando estiver decidida, obtenha sucesso na gravidez.



Alguns tipos de drogas utilizadas no tratamento quimioterápico para câncer podem causar infertilidade, tanto no homem, como na mulher, como por exemplo a Ciclofosfamida. Os oncologistas, por meio de pesquisas, constataram que drogas quimioterápicas utilizadas, principalmente, nos tratamentos de linfomas, de leucemias e de câncer de mama causam taxas de infertilidade acima de 50%, para ambos os sexos. Os remédios do composto quimioterápico para matar as células cancerosas podem também destruir as células que originam os óvulos e os espermatozóides.



Dessa forma o congelamento de óvulos ou mesmo do tecido ovariano pode ser realizado previamente ao tratamento do câncer para preservação de sua fertilidade.

Uma grande utilidade do congelamento de óvulos é para as pacientes que estão em tratamento de Fertilização In Vitro, submetidas a estimulação ovariana e produzem um número elevado de oócitos. Para esses casos uma alternativa é congelar os óvulos excedentes para usá-los posteriormente caso não dê certo nessa tentativa, não precisa ser submetida a estimulação e nem ter gastos com medicações para estimulação ovariana. Caso dê certo e não queira mais utilizá-los, pode-se pensar em ajudar as mulheres que não produzem mais óvulos e desejam ter filhos e doá-los ou descartá-los. Tem países em que a legislação permite a fertilização de 2 oócitos apenas e a transferência de apenas 1 embrião por tentativa, nesses países o congelamento é muito utilizado.

Atenção: dificilmente temos 100% de recuperação no descongelamento de oócitos, temos atualmente cerca de 60-80% de recuperação dos óvulos e desses quando injetados temos uma taxa de fertilização um pouco mais baixa também que os óvulos a fresco. Mas é uma boa alternativa nessas situações citadas acima.

Abraço!! Tenham uma boa semana!! Fiquem com Deus!



quinta-feira, 13 de março de 2014

Tratamentos: Injeção Intracitoplasmática do Espermatozóide - ICSI

          Bom dia!! 

         Hoje falarei sobre a principal técnica utilizada no tratamento da infertilidade que é a ICSI. A Injeção Intracitoplasmática do Espermatozóide, com esse nome extenso e complicado, nada mais é do que injetar um espermatozóide diretamente dentro do óvulo. Parece simples né??? Então vou te contar o passo-a-passo dessa técnica, taxas de sucesso e diferenças em relação a FIV. Aproveite a leitura e qualquer dúvida estou a disposição!

       A ICSI é uma técnica que teve seu advento na década de 90, essa técnica possibilitou que até mesmo casais com fator masculino severo - com pouco ou nenhum espermatozóide no ejaculado e homens vasectomizados - terem filhos. Mais recente e com melhores resultados que a FIV, através dessa técnica as chances de sucesso podem ultrapassar os 50% por tentativa.

             Se lembram das etapas que coloquei no artigo de ontem sobre a FIV?? Para a ICSI são as mesmas etapas, só na terceira etapa em que expliquei do encontro dos gametas é basicamente o que muda. A forma do encontro é mais direta e mais efetiva.

        Basicamente, essa técnica consiste na injeção de um espermatozóide diretamente dentro de um óvulo, ou seja, após a retirada e preparo dos óvulos e do preparo seminal selecionando os melhores espermatozoides no laboratório, pelo microscópio e com auxílio de um sofisticado equipamento de micromanipulação que inclui uma micropipeta de injeção (cuja a ponta é mais fina que um fio de cabelo), o embriologista selecionará e imobilizará os espermatozóides. Para a imobilização, fazemos uma pressão sobre a cauda do espermatozóide para ele não conseguir se mexer mais. Sabiam que essa imobilização não serve só pra facilitar para eu pegá-lo, serve também para imitarmos o que ocorre naturalmente que o espermatozóide quando vai entrar no óvulo ele perde a sua cauda e quando isso ocorre, acontece uma ativação química fundamental para que ele consiga fertilizar o óvulo. Veja o vídeo abaixo da imobilização:



       Os espermatozóides selecionados serão injetados e colocados dentro dos óvulos, sendo injetado apenas 1 espermatozóide em cada óvulo. Veja o momento da injeção no vídeo abaixo, com uma agulha seguro o óvulo e com a outra que peguei o espermatozóide injeto diretamente dentro do óvulo:




              Após a injeção, os óvulos são colocados em uma placa com meio de cultura dentro de uma incubadora, isso proporcionará nutrição, controle de temperatura (37ºC), de umidade e abrigo de luz, imitando assim o ambiente uterino. Daqui em diante igual ao que expliquei no artigo de ontem.

              No dia seguinte ao contato do espermatozóide com o óvulo, verifica-se a fertilização e seu desenvolvimento até o 3º ou 5º dia. Após a retirada dos óvulos, os embriões são avaliados e classificados de acordo com parâmetros internacionais. Selecionam-se os melhores embriões para serem transferidos ao útero materno.

       O dia da transferência será determinado pelo laboratório de acordo com cada caso especifico. A transferência é um procedimento simples e indolor, não é necessário anestesia. Os embriões são colocados em um cateter que o médico utiliza para depositá-los no fundo do útero. 

          E agora voces devem me perguntar: qual devo escolher, FIV ou ICSI??? Se eu precisar um dia fazer tratamento eu escolheria a ICSI, pois com a ICSI tenho hoje de 90 - 100% (na FIV a taxa é de 60 - 80%) de taxa de fertilização em meu laboratório, com isso aumento o número de embriões produzidos, com isso a mulher pode tomar menos medicação (dependendo do caso) para produzir 6 óvulos e não de 8 a 10 que seriam necessários com a FIV, somando esses fatores consigo melhorar as taxas de sucesso. Para terem uma idéia, se pegarmos uma paciente que tenha até 32 anos cujo o marido é vasectomizado e o único fator seja esse, a chance de sucesso desse casal que tenho hoje é de 65% com a ICSI. 

       Mas não tem diferença de preço entre as técnicas de FIV e ICSI?? Que eu saiba não!! Atualmente todas as clínicas possuem equipamentos e estrutura para realizar ICSI então o que mudaria seria basicamente utilizar ou não as agulhas para injetar e o embriologista envolvido que deve ser mais experiente para fazer a ICSI. Então o preço é o mesmo pois a clínica já possui essa estrutura. Mas ainda existem médicos mais conservadores que se a indicação é de FIV eles ainda a fazem.


   Hoje encerrei a série de tratamentos efetivos para infertilidade, todas as possibilidades de engravidar envolverão essas técnicas citadas na série. Na segunda-feira, começarei a falar sobre um tema meio polêmico que será sobre as técnicas complementares aos tratamentos que muitas clínicas saem vendendo por aí as vezes sem necessidade. Falarei da Super-ICSI, PGD , CGH e etc...

Grande Abraço, obrigado pela companhia por mais uma semana!!! Tenham um Bom final de semana e não deixe nunca de acreditar que seu sonho é possível!! Acredite, persista e voce conseguirá!!

Fiquem com Deus

Tratamentos: Fertilização In Vitro (FIV)

            Bom dia gente, tudo bem?? Dando continuidade a série sobre tratamentos, hoje falarei meio que um passo-a-passo da técnica de Fertilização In Vitro (FIV), indicações e taxas de sucesso.

            A FIV, também chamada popularmente de “bebê de proveta”, consiste em um conjunto de técnicas de Reprodução Assistida que tem como finalidade produzir embriões para casais inférteis. Com bons índices de sucesso, essa técnica teve seu marco inicial pelo cientista britânico Robert Edwards (ganhador do premio Nobel de medicina em 2010), que em 1978 como resultado de suas pesquisas obteve o nascimento do primeiro bebê, uma menina que se chama Louise Brown.

          

  Com mais de 5 milhões de bebês nascidos no mundo, esta técnica é indicada principalmente quando não há um fator masculino muito severo associado (necessário no mínimo 2 milhões de espermatozóides e 25% de motilidade) e quando há problemas mais graves de ovulação (síndrome dos ovários policísticos), endometriose e fatores tubários na mulher, sendo utilizada também a outros fatores de infertilidade.
           
Basicamente, essa técnica é dividida em quatro etapas:



1ª Fase - Estimulação Ovariana: Através da administração controlada de hormônios exógenos à paciente, com o objetivo de estimular a produção de um maior número de óvulos, cerca de 6 a 10, para termos uma maior chance de produzir e selecionar os melhores embriões para serem transferidos. Nessa fase, é muito importante que a paciente siga atentamente todas as instruções do médico, administrando rigorosamente a dosagem a ser utilizada e os horários recomendados. Quero fazer aqui uma observação sobre essa frase que grifei. Eu ja vi muitas pacientes acharem que entenderam tudo e na verdade não entenderam nada, elas perdem o tratamento por falta de atenção e por não perguntarem e esclarecerem as dúvidas com seu médico. Gente, perguntem tudo, principalmente ouçam e anotem tudo, tudo e tudo. Já aconteceu de paciente que tomou remédio pra ovular antes da hora ou depois da hora que o médico passou, esse remédio é crucial para o tratamento se errar nesse pode por tudo a perder, todo o dinheiro e tempo gasto naquela tentativa... ja imaginaram? 

Aplicação das injeções de hormônios


 Imagem de controle ultrassonográfico do crescimento dos folículos. Casa "bolinha" preta dessas é um folículo com óvulo dentro.




2ª Fase - Retirada dos Óvulos: consiste em uma técnica relativamente simples, a paciente deve vir para a clínica em jejum neste dia, pois tomará uma sedação leve para não sentir nenhuma dor. Através de uma punção aspirativa guiada por ultrassonografia transvaginal, retira-se os óvulos que se desenvolveram no ovário devido a estimulação com hormônios. Posteriormente, os óvulos são encaminhados ao laboratório para sua identificação e preparo, a partir daí eles ficam em um líquido (meio de cultura) que propicia os mesmos nutrientes existentes na tuba uterina e ficam em incubadoras que imitam o ambiente propício do útero para sua sobrevivência e desenvolvimento, com controle rigoroso de temperatura, pH e atmosfera. Neste mesmo dia, realiza-se a coleta dos espermatozóides e posterior preparo seminal.


3ª Fase - Contato dos espermatozóides com os óvulos: após a retirada dos óvulos e o preparo seminal, ambos são colocados em contato em um mesmo local, que são recipientes com meio de cultura que ficam dentro da incubadora (antigamente se usava uma proveta para isso, por isso o nome "bebê de proveta"), favorecendo assim o encontro dos melhores espermatozóides com os óvulos, para que ocorra a penetração “naturalmente” do espermatozóide no óvulo. Curiosidade: para cada óvulo calculamos  que sejam necessários cerca de 50 mil espermatozóides para apenas um desses fertilizá-lo. Imaginem isso naturalmente que os espermatozóides são depositados na vagina da mulher, têm que achar o colo uterino, passar pelo muco cervical, entrar no útero, atravessar o útero e as tubas uterinas para lá em cima perto do ovário encontrar com o óvulo!!! Ufa!!! Realmente é um vencedor aquele espermatozóide que fecunda o óvulo!!! Se compararmos o espermatozóide com o homem, a velocidade média do espermatozóide é de 25 micras por segundo, cerca de 5 vezes a sua altura, o que seria similar a um homem de 2 metros correr 10 metros por segundo, o que só ocorre em provas de 100 metros rasos e por alguns segundos.

 Placa com meio de cultura onde são colocados os óvulos e espermatozóides


4ª Fase - Desenvolvimento e Transferência dos Embriões: no dia seguinte ao contato do espermatozóide com o óvulo, verifica-se a fertilização e seu desenvolvimento geralmente até o 3º dia após a retirada dos óvulos, mas pode-se estender o cultivo até o 5º dia em estágio de blastocisto. Os embriões são avaliados e classificados de acordo com parâmetros internacionais de morfologia. Selecionamos os melhores embriões para serem transferidos ao útero materno. O número de embriões varia de acordo com a idade da paciente (de acordo com a preconização do CFM), ou pode ser avaliado também caso a caso. O dia da transferência será determinado pelo laboratório de acordo com cada caso especifico, ja tive sucesso transferindo embriões em dia 1, 2 , 3 , 4 e 5 após a retirada dos óvulos. A transferência é um procedimento simples e indolor, não é necessário anestesia, os embriões são colocados em um catéter e o médico passa esse catéter através da cérvix e deposita os embriões no fundo do útero injetando-os com auxílio de uma seringa acoplada ao catéter.


1º Dia - Fertilização                                                          2º Dia - Embrião com 4 células                


 3º dia  -Embrião com 8 células                       4º Dia - Embrião com mais de 16 células, se chama Mórula




                   5º Dia: Não conseguimos mais contar o número de células. Embrião em estágio de Blastocisto.



Ilustração da Transferência dos Embriões


        
         Taxas de Sucesso com essa técnica é em torno de 40% por tentativa!!! Essa técnica vem sendo menos utilizada pela maioria das clínicas, pois o custo x benefício é pior quando comparada com a ICSI. Amanhã falarei sobre a ICSI e poderão entender melhor a diferença entre elas.

Abraços! Fiquem com Deus!